Soneto IV - O derradeiro lar.
Eu vou no deserto buscar escapatória,
Inclinar a face no meu manto de dor.
Porque de mim restou densa, também, notória
A provocação que está neste céu sem cor.
A lua já não me traz encanto nem a glória
Que diversas vezes vi no sol a se por.
Gélida - Manto de feridas - capa d'ânsia,
Dor que levo por sentir infeliz amor.
"- Morre coração!" Grito nas trevas d'escárnios,
Vivendo dores fétidas sem ver obséquios
que possam vencer o meu mal intransponível.
"Sim..." A vida fez-se pérfido vitupério.
Correr e correr na busca do cemitério...
O derradeiro lar da dor irreversível.*
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*Soneto dodecassílabo.