PANTANAL
PANTANAL
Desliza leve o bote sobre o espelho d’água,
sentado nele chapinhando ilusões, penso.
Meu olhar se perde nessa aguaceira extensa,
enquanto debulho meu rosário de mágoas.
As margens vivem... na cor dessa fauna imensa,
que me observa de dentro e fora dessa enágua,
(o enorme e macio lençol líquido de águas),
– fundas, calmas – como a ditar minha sentença.
Singra a canoa e recrio da juventude
amargas lembranças dos momentos de dor
para imprimir-lhes um dulçor – o quanto pude.
Quase em todos a mente sentiu algum sabor,
mas o coração ficou triste, talvez rude,
foi quando a mente lembrou os instantes de amor.
Afonso Martini
100711