Carmim
Por ti me embrenhei numa selva de olhares ferozes,
Numa alcatéia de lobas mascarada como elegante baile;
Tentava me proteger como uma lebre de ânsias atrozes,
De feras mulheres sedentas por sangue e jovem carne;
A música nos meus ouvidos era um hino de sacrifício,
Era a agústia por tentar saber a hora da minha imolação,
Mas neste momento de agrura, sobrepujei o meu ofício,
E busquei na tua copiosa forma a minha santa perdição.
Nestes lábios de carmim, e pontifícios rubros do lazer,
Que tentam meu corpo em laivo a uma hipertermia maligna,
Num êxtase de frenesi disperto pelas ilações do prazer.
Tu és mais que uma febre que corrompe a espessura da derme,
És um desejo veemente que transpõe o torpor e a catalepsia
Desta mente que sofre, e já não pensa, como outrora verve.