Soneto do amigo
Amigo, passo o dia a ouvir-te em tua guitarra,
Gosto dos teus frívolos acordes, tua canção,
Mas te vejo como na velha história da cigarra
Que cantava sem parar todo o verão.
Te aconselho, amigo, sai agora dessa farra
E vai atrás do teu precioso ganha-pão!
Sei que meu aviso em teu ouvido é parra,
Vais usa-lo como rima em teu poema, teu refrão.
Segue o exemplo da formiga, junta-te a nós,
O inverno vai chegar e tudo se consome...
Verás como é triste mendigar na noite fria!
- Não me peças, caro amigo, para que cale minha voz,
se eu não cantar mais, morro de fome,
que a poesia é meu pão de cada dia!