A Mentira De Um Povo
Valete dos Anjos
Tenho nos olhos a gota da dor
Brota em meu peito o leito de morte
Sinto na carne o punhal de fogo,
Lacerando-me a abrasadora carne do espírito.
Sou cravejado pelos espinhos da mentira;
Sou forçado nesta insólita meta do jogo.
O ar que respiro tem o cheiro do velório
Me deixa irritado na planetária do desgosto...
Com a dolorosa carne morta no tempo,
Quero putrefazer a sociedade que tenho,
Tendo- o pus do momento a cólera do tempo.
A sociedade é indócil... E vive em sua orbita particular,
Cercada pela mentira e a áspera vida...
Todos iguais na pavorosa verdade; eterna mentira.