POUCO FAÇO O QUE DE MIM SE APARTA
Pouco faço o que de mim se aparta,
córregos se arrastando entre as pedras;
rente as grotas um céu profundo
desaparece por trás do seu próprio contorno.
Configuram-se no horizonte graves formatos
sobrevindo uma luz baça sobre os campos.
uma cortina d’água se precipita no vácuo,
o tempo se contorce entre lamentos.
melhor seria toda a claridade
de um sol de meio-dia sobre as paisagens
que se alongam e se perdem para sempre.
Relembro que já fui pastor de estrelas
tangendo ovelhas de luz num campo vasto
cuja imensidão desconhecia.