CINZAS
Ai, coração tristonho, peito em brasa
de solidão, que tanta, queima em gelos!
Ai, dor profunda fura, mói e arrasa
as ledas ilusões e azuis apelos!
Eu quero o gosto bom de lar, das casas,
longe das garras, bruto desmantelo
do corvo urbano que, perdendo as asas,
arrasta em cru serpeio um pesadelo.
Mas estou só, tão só no hospício fosco
das avenidas, ruas da cidade
de gente urgente, reses assustadas.
Vazio, empurro meu destino tosco...
E em chamas, minha seca humanidade
espalha as suas cinzas nas calçadas.