O FRIO DO ESQUECIMENTO
Valete dos Anjos
É inverno. O frio aperta a minha carne,
Deitado no beco da esquina, me contágio no momento.
Sobre minha pele suja, borrifa a água na noite.
O frio me toma! A noite é intensa...
Agora me torno a dose do sofrimento. Já não agüento!
O papelão surrado, já não esquenta o sentimento.
Tremo e gemo de frio... Navalha que corta minha carne.
Minha pele racha. O sangue jorra em meu lamento.
Só tenho no âmago, a dor do instante.
Os meus “amados amigos”, me esqueceram no tempo.
O frio me maltrata! Tremo sem o calor do riso...
Meu corpo não agüenta: Sou Eu...
O corpo sente a dor do frio,
A alma também... Sou eu.