ETERNAMENTE

(Lena Ferreira)

Eu espero-te já há tempos, Cigano

envolta em um véu de mansa ternura

personifico a mais branda criatura

não há em mim nenhum ledo engano

E no esperar-te, ó meu Cigano

teci meus mil lamentos tantos; tantos

mas não derramei um só, um só pranto

pois soube, sempre, do destino, o plano

Eis que aparece-me qual plena lua

madrugando-me; de alma tão nua

pensando em nós dois, novamente

Abraça-me, envolvendo-me inteira

Dizendo-me: és, da vida, a primeira

a esperar-me, assim, serenamente...