RETRATO EM BRANCO E PRETO
Tu não verás em mim, o brilho, a pujança
Do amor com que um dia houveras sonhado.
Pois que a paixão e a loucura do passado
Não haverão de marcar a destemperança.
Já se rompeu aquela velha aliança
Em que me atava o coração arrebatado
Pela paixão, vinda do amor desgovernado
Que plantou em meu peito a desesperança.
Já não me bastam longas noites de delírios,
Não quero mais em teu corpo matar a fome
Nem me conforta o som rouco de tua voz.
Eu juro, troquei os momentos de martírio,
E a lembrança que, por vezes, me consome,
Pelo retrato em branco e preto de nós!