O MONSTRO
“Não me olhes desse jeito vítreo de doença,
olhar cansado de me olhar a amar-te tanto!
Até deliro em dor, com tua indiferença
quando me fitas venerando o teu encanto!
Ó meu amor, ó meu amor, por que partiste
da minha sina, a vida inteira que eu te dei?
Não percebeste que, sem ti, mais nada existe?
Que o mundo chora pelo fim da paz, sem lei?
Ai, o teu cego olhar me esmaga, me tortura!
Espreme os nervos deste amante dependente!
Sou todo teu, mas me levaste à vil loucura!
Quero beber-te o derramado sangue ardente!”
E se aproxima, cerra a pálpebra gelada
da sua flor-mulher, por ele, assassinada...