O MONSTRO

“Não me olhes desse jeito vítreo de doença,

olhar cansado de me olhar a amar-te tanto!

Até deliro em dor, com tua indiferença

quando me fitas venerando o teu encanto!

Ó meu amor, ó meu amor, por que partiste

da minha sina, a vida inteira que eu te dei?

Não percebeste que, sem ti, mais nada existe?

Que o mundo chora pelo fim da paz, sem lei?

Ai, o teu cego olhar me esmaga, me tortura!

Espreme os nervos deste amante dependente!

Sou todo teu, mas me levaste à vil loucura!

Quero beber-te o derramado sangue ardente!”

E se aproxima, cerra a pálpebra gelada

da sua flor-mulher, por ele, assassinada...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 01/07/2011
Reeditado em 01/07/2011
Código do texto: T3068014
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