Soneto Derradeiro

Era vermelho o sol que despedia

e pelo rádio ainda se ouvia restos do futebol,

o domingo passageiro se estendia até o rio

que refletia a luz em seu espelho.

Porto Alegre incandescia ao fim da tarde,

enquanto a noite se espalhava sobranceira

derramando sonhos e mais sonhos desejados.

Luar de feiticeira, estrelas a granel.

E decidido algum poeta permitia a sua musa

a ilusão de um sentimento verdadeiro,

um último desejo, um último suspiro.

E derradeiro o coração batia em descompasso

com o surdo que marcava o samba puro.

Última cerveja, solidão e desventura.

Marco Araujo
Enviado por Marco Araujo em 01/12/2006
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