Soneto Derradeiro
Era vermelho o sol que despedia
e pelo rádio ainda se ouvia restos do futebol,
o domingo passageiro se estendia até o rio
que refletia a luz em seu espelho.
Porto Alegre incandescia ao fim da tarde,
enquanto a noite se espalhava sobranceira
derramando sonhos e mais sonhos desejados.
Luar de feiticeira, estrelas a granel.
E decidido algum poeta permitia a sua musa
a ilusão de um sentimento verdadeiro,
um último desejo, um último suspiro.
E derradeiro o coração batia em descompasso
com o surdo que marcava o samba puro.
Última cerveja, solidão e desventura.