SONETO VERMELHO

Estraçalhaste as pétalas da flor vermelha

do meu desejo, ataste as ilusões aos vícios...

Esbraseaste estrelas do meu céu na grelha

do combalido sonho a macular-me auspícios...

Baniste d'alma a última vivaz centelha,

grassando a tua atômica energia, os trícios

em meu planeta-sangue coagulando à esguelha.

O teu poder... Teu rúbido bradar de hospícios!

Oh! Na escarlate chama deste insano enlace,

o teu rubi, destino crava em cada face

do meu viver autômato a seguir-te o rumo!

Sanguíneo amor, preciso dos vermelhos fortes

que sugo em carne tua, a desviar-me os nortes,

beber-te o vinho tinto que me endoida o prumo!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 30/06/2011
Reeditado em 30/06/2011
Código do texto: T3065897
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