SONETO VERMELHO
Estraçalhaste as pétalas da flor vermelha
do meu desejo, ataste as ilusões aos vícios...
Esbraseaste estrelas do meu céu na grelha
do combalido sonho a macular-me auspícios...
Baniste d'alma a última vivaz centelha,
grassando a tua atômica energia, os trícios
em meu planeta-sangue coagulando à esguelha.
O teu poder... Teu rúbido bradar de hospícios!
Oh! Na escarlate chama deste insano enlace,
o teu rubi, destino crava em cada face
do meu viver autômato a seguir-te o rumo!
Sanguíneo amor, preciso dos vermelhos fortes
que sugo em carne tua, a desviar-me os nortes,
beber-te o vinho tinto que me endoida o prumo!