PRESERVADO
Ai como vi, de noite, rodar o teto sobre mim,
Como tentei fitar a tua face, o teu semblante!
Se andei pelas ruas, a noite, ébrio errante,
Foi por achar que tudo chegou ao fim.
Mas sofri mais ainda as tuas esquivanças,
Fartei-me de tanto ouvir as tuas queixas,
Sei que sozinho sempre tu me deixas,
Chorei fortes prantos sem esperanças.
Mas meu corpo mortal inda intangível ficou,
Não havia quem me amasse ou quem me amou,
Sei que eu vi o escuro da noite virar luz do dia.
E depois de tanto tempo sem contemplar-te,
Com tantos meses sem poder tocar-te,
Mesmo assim, mão nenhuma me tangia.
(YEHORAM)