Noite de novembro
Eu, que tive o amor de musas
e a inspiração de muitos deuses,
vivo agora a descobrir adeuses
por entre vãs vozes vilãs reclusas.
Peito notívago em manhã intrusa,
sentam-se as tardes, não raras vezes,
a relembrar-me de que o sonho cruza
de noite a noite no cair dos meses.
Deixei de lado, ora vejam, a curva,
o molde – sintam – já não desafia
e a mesa (ouçam) já me evita – nada
e tudo seguem com a mão que esfria
a água amarga nas canecas turvas:
do bule à boca burlo a madrugada...