UM AR DE SUA GRAÇA
Muito se fala do fazer e não-fazer
E muito menos do agir e não-agir
Eis, deste modo, a consciência do fruir
Sem que haja todavia algo para oferecer.
É no fazer qu’ stá toda a casa do ter
Mas sem agir nada se pode construir
Pois que todo o prazer está neste sentir
Dignificando o homem que urge converter.
Muitos há cuja vida do fazer não passa
E o tempo que lhes cabe não dá p’ ra mais
Outra coisa não são que filhos da desgraça…
Mas ele há muitos que, entre muito desiguais,
Conseguem mesmo assim um ar de sua graça
Apagando do mundo aqueles maus sinais!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA