A CAMA
A cama pertinaz e pérfida da vida,
Na candura vislumbrada do entardecer,
Naquela ébria noite tão dolorida,
Na cabisbaixa luz que viu sofrer.
Na garganta da noite desinibida.
Onde na cambraia do sol nascer,
Na cama cansada mesmo de viver,
Na onda trémula e tonta decidida.
A cama estrangulada do madrugar,
Dorme uma noite congelada a sonhar,
Quando o sol chora de contente…
A cama vê na sua noite perdida,
A páginas tantas, logo em seguida,
No seu quarto mesmo indiferente.
LUIS COSTA
20/03/2011