SAUDADE

Neste sereno rasgo de inspiração,

Atrevo-me construir um poema,

Porém há um artificioso fonema,

Que me faz prender a respiração.

Não julgo e nem toco na saudade,

Porquanto ela não é passageira,

Coloca-se atrevida, sobranceira,

E desvenda o manto da crueldade.

Emana com sordidez o sofrimento,

Das profundezas da minha mente,

Consagrando a dor deste momento.

Qual Prometeu acorrentado sente,

A expiação da culpa, experimento,

A condenação injusta do inocente.