A Piracema
Soturno é amanhecer eternamente
No leito onde deitei com outro sonho:
Furtivo, ia de encontro a um risonho
Corcel que só corria para frente.
Ao acordar, punha-me, lugubremente,
A chafurdar no véu mais enfadonho...
Ousava toscanejar, mas, tristonho,
Levantava, e ia contra a corrente.
Jogava-me ao rio de desventuras!
Blasfêmias revolviam em minha boca!
Quem dera eu criar um teorema:
"Os sonhos que dominam criaturas
Mudam a verdade, e, nesta troca,
O homem é peixe em plena Piracema"!