CHUVA E SOL
Amigos Recantistas, perdoem a minha ausência em suas salas, mas, ando muito atarefado e passando por uma fase bastante sem inspiração. Não gosto de forçar-me a escrever nada, por isso, vou aguardar novos dias. Quero agradecer imensamente a todos que me visitaram e deixaram seus comentários gentis. Um grande abraço e até muito breve, espero!
Para não deixar a escrivaninha vazia, estou postando o maravilhoso soneto do meu ilustre conterrâneo RAIMUNDO CORREIA... deleitem-se!!!
Meu grande abraço a todos!!!
Aarão Filho
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Raimundo Correia (R. da Mota de Azevedo C.), magistrado, professor, diplomata e poeta, nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado na baía de Mogúncia, MA, e faleceu em Paris, França, em 13 de setembro de 1911. É o fundador da Cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras.
Raimundo Correia ocupa um dos mais altos postos na poesia brasileira. Seu livro de estréia, Primeiros sonhos (1879) insere-se ainda no Romantismo. Já em Sinfonias (1883) nota-se o feitio novo que seria definitivo em sua obra o Parnasianismo. Segundo os cânones dessa escola, que estabelecem uma estética de rigor formal, ele foi um dos mais perfeitos poetas da língua portuguesa, formando com Alberto de Oliveira e Olavo Bilac a famosa trindade parnasiana. Além de poesia, deixou obras de crítica, ensaio e crônicas.
CHUVA E SOL (Raimundo Correia)
Agrada à vista e à fantasia agrada
Ver-te, através do prisma de diamantes
Da chuva, assim ferida e atravessada
Do sol pelos venábulos radiantes...
Vais e molhas-te, embora os pés levantes:
– Par de pombos, que a ponta delicada
Dos bicos metem nágua e, doidejantes,
Bebem nos regos cheios da calçada...
Vais, e, apesar do guarda-chuva aberto,
Borrifando-te colmam-te as goteiras
De pérolas o manto mal coberto;
E estrelas mil cravejam-te, fagueiras,
Estrelas falsas, mas que assim de perto,
Rutilam tanto, como as verdadeiras...
Raimundo Correia