ÍCARO
Fagner Roberto Sitta da Silva
Aqui estou, no meio desta nave,
despido e com o peito atravessado
pela luz e por flechas do passado,
sofrendo, tanto e sempre, a dor mais grave.
Fico curando as vãs feridas de ave,
assim como o meu sonho machucado,
fruto de tanto intento malogrado,
enquanto sinto o vento tão suave.
Sinto-me como um pássaro caído,
filho de Dédalo, menino de asas,
sofrendo de um amor interrompido
que se foi pela estrada ou sobre as casas,
mas que deixou no coração ferido
uma tristeza que arde feito brasas...
Garça (SP), 21 de junho de 2011.