Abonançando a Tempestade
Brame a tempestade, furente e sonora,
Profligando montanhas no ventre cinéreo.
Desde os antros profundos -- abismos funéreos --,
Até o cume de Ílion, tétrica clangora.
Que entidade celeste a ti não honora,
Horríssona borrasca? Quem, dentre os sidéreos,
Não te teme, se estruis a tudo que é matéria,
Desafiando a ordem, a vida e as Horas?
Ouve atenta o sibilo que se te aproxima!
Sus! Abonança a alma, não sê tão ranheta!
Atenta à epifania que ocorre ali em cima!
Não vês que, esvoaçando as asinhas, da greta
De uma árvore, ao ver a mudança do clima,
Muda-se, agora, uma lagarta em borboleta?
(www.eugraphia.com.br)