ROMANCE EM DOIS ATOS

PRIMEIRO ATO

A vida em espaçados alexandrinos românticos (ritmo quaternário)...

Os dois amantes se entrelaçam na poesia

e vão cantando maravilhas, mui felizes,

eflorescendo nos jardins da fantasia

bons sentimentos que se alastram em raízes.

À sua frente, há um futuro radiante

de construções e de projetos, de sucessos.

Então, se amando, seguirão sempre adiante

no belo mundo de floridos, de progressos.

Em tanto amor, os dois rolando pelos prados

mais verdejantes, privilégios dos amados

e se completam, como sendo terra e flor.

Ah sim, a vida se abrirá com seus sorrisos

e os levará, com os cuidados mais precisos,

rumo à morada celestial do eterno amor.

ÚLTIMO ATO

A lida em acelerados alexandrinos modernos (ritmo ternário)...

Dois estranhos pregados na cruz despoesia

esbravejam ofensas que arrancam raízes

que eram firmes e agora é poeira, apatia

da rotina que os torna bestiais, infelizes.

Logo à frente, o sombrio amanhã lacerante

dos escombros, entulhos dos vis insucessos...

Sim, esperam somente acordarem perante

um ao outro e seguirem nos crus retrocessos.

Mergulhando nos mares de fel, afogados

na amargura cortante que marca os magoados,

separados em dois pedacinhos de dor.

Vão seguindo, somando os totais prejuízos

de uma vida vazia, que anula os juízos

desse par que pensava infindável o amor.