A QUEM SERVEM AS FLORES?

Não há mais flores nos canteiros da cidade;

Além do asfalto, só tem postes e concreto,

Só tem na rua a fala crua e o desafeto,

Falta ternura, sobra loucura - maldade.

A calçada arde, a tarde é quente - um inferno!

O caminhar é bruto e a saudação escassa,

O sorriso é tão raro e a solidão, devassa,

Ainda dizem que tudo isso, hoje, é moderno.

Há falta de aconchegos - bancas e leituras,

A lua de outrora deita atrás dos prédios,

Sequer mais testemunha o trocar das juras.

Para aonde caminham esses vis senhores,

Que preterem as flores pelo concreto ardente,

Quais amadas rígidas lhes concedem amores?

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 17/06/2011
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