FORASTEIRO (7 e 8)... conto... (final)
FORASTEIRO (7) ... conto
Sua face acendeu-se em insignes rubores,
quando sentiu que estava deveras amando;
a um passo da prenda, seu perfume aspirando,
o fel dos seus dias fez-se em doces sabores.
Mas eis que em seu cavalheirismo aprofundando,
num gesto meigo, digno de antigos doces amores,
aventurou-se o poeta, levando flores,
à doce confeiteira, amor lhe declarando.
As sedutoras palavras de um terno afeto,
eram versos saídos de um lindo soneto,
eram frases vestidas do meigo do arminho.
E no quase êxtase que o poeta conteve
fugiu-lhe da concha a alma, que a custo reteve
submersa em lagos de pétalas de carinho.
FORASTEIRO (8)... conto/fim.
Quando a paixão o envolve, o ser quase enlouquece,
Envolve-se em situações constrangedoras.
Por vezes perde as coordenações motoras;
Sua voz fica muda, outras vezes fenece.
Mas ajusta-se à situação sem demora,
Porque o amor que o deixou mudo no peito cresce
Sente-se liberto do torpor que o intumesce,
cumpre os deveres de casa com a senhora.
E oferta-lhe o mimo do verbo carinhoso
Enfuna as velas do peito, mas respeitoso,
... e o poeta só quer um momento feliz.
Oferta à prenda as lindas flores perfumosas;
Flores do campo circundando rubras rosas
Propõe uma vida a dois... mas ela não quis.
Afonso Martini
160611