FARELO

Eu me recolho triste neste exílio

da minha turva vida torturada,

não brilha na manhã nenhum idílio,

nem flore aquele amor na madrugada.

Os rasgos mui felizes d'alma alada

tomavam meu prazer em santo auxílio,

que em plena paz erguia-me a morada.

Saudade dói do tempo eu luz, rutílio!

Mas já não há riqueza em meus castelos,

eu vou lambendo as sobras e os farelos

dos meus resquícios parcos de energia.

Eu tento não penar, sangrar frustrado

na dura sina, oh não, não sou culpado

por meu destino imerso na agonia.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 10/06/2011
Código do texto: T3025283
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