FARELO
Eu me recolho triste neste exílio
da minha turva vida torturada,
não brilha na manhã nenhum idílio,
nem flore aquele amor na madrugada.
Os rasgos mui felizes d'alma alada
tomavam meu prazer em santo auxílio,
que em plena paz erguia-me a morada.
Saudade dói do tempo eu luz, rutílio!
Mas já não há riqueza em meus castelos,
eu vou lambendo as sobras e os farelos
dos meus resquícios parcos de energia.
Eu tento não penar, sangrar frustrado
na dura sina, oh não, não sou culpado
por meu destino imerso na agonia.