DESENCANTO
Houve um tempo em que tudo eu podia
em meu mundo brilhante de sóis,
nas estrelas do sonho eu vivia,
barra d'ouro avivada em faróis.
Eu vaidoso, em destaques, escóis,
entre luzes e cores, magia,
voejava, feliz, n'arrebóis,
tanta força em meus braços erguia.
Nesses tempos solares, brilhantes,
eu só cria nas crias vibrantes
da garrida e voraz juventude.
Hoje os sóis já não brilham tão plenos,
meu poder é poeira, somenos,
espancado em brutal solitude.