A MORTE DO SONHO

Era o sustento e a crença, a fé, o arrimo

em que me equilibrava para a luta.

Veio a ser desespero e dor - cicuta

que a esperança levou à morte e ao limo.

Assim mesmo o bendigo - ao sonho ardente

que, infinito, vivemos cem por cento

e ao ocaso passou. Gemia o vento

quando o sonho descia no poente.

Hoje, que tudo foi, direi apenas

que as tuas rosas, dálias e açucenas,

murchas, guardei-as com o maior carinho.

Morreu, morreu! Vamos adiante; eu me erga,

ator no palco da tragédia grega,

busque outro sonho, siga outro caminho.

Em 22-09-89.