A ETERNIDADE
Quero desconhecida a minha morte,
que não se saiba nunca que morri.
Nem telefone a amigos, nem convite
para velório e enterro, para missa.
Se alguém sentir-me a falta e perguntar,
diga que viajei. A quem insista,
responda que não dei novo endereço,
desejo que ninguém saiba de mim.
Esconda minha amiga, sempre esconda,
o infausto até esquecer-me por completo,
meu gosto é descansar desconhecido.
É minha a eternidade, toda minha,
e aí, eu viverei em pó e lodo
junto aos bilhões do vulgo, de onde vim.
08-02-87.