DESILUSÃO

Sou o resto de um homem jogado no mundo

que lastima à penumbra de um quarto alugado,

nos ouvidos, retumba o amarume profundo

da ferida inflamada de um plano frustrado.

Tento ver pelo espelho algum traço oriundo

da voraz juventude em heroico passado,

quando o sonho fluía bem forte e fecundo,

rebrilhava em meu dia feliz e dourado.

Mas não vejo vestígio daquele menino

que perdeu-se doente em sombrio destino.

Contorcendo-se, em dores, a desilusão...

Esta sanha, esta lida esvaída no escuro,

cega treva que suga o vigor do futuro.

Ardem tanto estes talhos em meu coração!