MORTE NA GETÚLIO
Malgrado à sorte do machado enfurecido
Esquartejando o lenho em brutal sentença,
O seu último ligustro tombou despido
Pelo jugo incauto de acometer doença.
A Avenida se enluta vestindo concreto
E encobre a terra crua onde sangra o veio,
Abre seu ventre na ilusão de um novo feto
Mas engravida um poste que se finca ao seio.
Cinqüenta anos, foi um tempo um tanto longo,
Sequer o algoz rogou perdão ao dar o tombo,
Presente ingrato que lhe deu, tirando a vida.
Deixou-se abrir o clarão negro do asfalto
E o manto verde que se via lá do alto
Bordou de concreto o debrum da Avenida.
Nota: A Avenida Getúlio Vargas sendo "revitalizada". Ora, derrubar árvores é revitalizar? Postes e luzes artificiais têm vida latente?