SEM SENTIDO
Por que fui entregar-te os meus sentidos?
São todos teus, ó meu aflito alento!
Ao ver-te os cheiros, toco em teus gemidos...
Eu ouço o teu sabor macio ao vento...
Por que fui entregar-te os meus sentidos?
Meus rumos, direções, discernimento!
Ao procurar em ti meus sóis perdidos,
mergulho em desvairado encantamento!
Sequer mover-me posso sem teu mundo!
Retiro do teu cerne, o mais profundo,
a minha vida, atada ao teu fulgor!
Ora, aturdido, sangro em teu domínio,
pois queres ir, cravar meu extermínio.
Não há, sem ti, nenhum sentido, amor!