CHAMAMENTO

A dor da perda é qual faca afiada,

Que fere, corta e marca a própria alma,

Sem ter aquele alento que a acalma,

Posto que o coração não vê mais nada.

Tal sofrimento não nos cobre a talma

D'uma consolação que, se tentada,

Não vê a esperança acalentada

Surtir efeito e o verso que se espalma

Jamais há de lograr o seu objeto

De ensinar à pobre espécie humana

O que requer uma sabedoria

Inexistente, ante a voz tão fria

Do fado - e o chamamento não se engana,

Mas fica vivo em nós o ser dileto.

Interação ao magistral soneto "Eternamente", da amiga e exímia poetisa Maria Cecília Hequidorne.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 04/06/2011
Código do texto: T3013310
Classificação de conteúdo: seguro