BEIJO ROUBADO

Se uma vez, sereia, te beijei sem perceber
Que mergulhava num tufão grávido de luz,
Onde o universo e o que há nele se reduz,
Numa só palavra e num corpo de mulher;

Se uma vez, naiáde, da tua boca medicinal
Bebi sem gratidão, dela saindo embriagado.
E fui, sem levar memória do beijo roubado,
Por ter pensado que toda fonte fosse igual;

Se uma vez, jandaíra, provei teu mel absoluto,
Sem saber que jamais encontraria paridade
E fui embora buscando o doce de outro favo;

Perdoa meu coração inconstante e irresoluto
Pois na minha procura infantil por variedade
Não me dei conta que sempre fui o teu escravo.



João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 03/06/2011
Reeditado em 25/06/2011
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