Bailarina indiferente
Desapegada, insensível, profunda como o inferno!
Observo-a do poço de emoções que ela sublima
Observo-a dançar sozinha, aqui de cima
No mais profundo silencio de início de inverno
Trabalha numa construção de sonhos erodida
Fruto de cada ânsia e cada medo da mente dela
E quando não resisto, e chamo por ela
As vezes nem me ouve, distraída
Dançam-lhe nas costas os longos cabelos
Numa frenética harmonia ardente
Enquanto o frio me eriça os pelos
Eu aqui, me resumo a observar silente
Paciente como um colecionador de selos
As idas e vindas de uma bailarina indiferente