CLAUSTROFÓBICO
CLAUSTROFÓBICO
Enclausurado, silêncio, só o tic tac da hora;
o que me rodeia dormita, silencia,
é a angústia impressa no medo – claustrofobia;
não consigo ver a natureza lá fora.
Um bom desabafo é afogar na poesia
o não ver no escuro céu os alvores da aurora
onde o sol nascente vai crescer sem demora.
Clareia; faz-se limpa a luz de um novo dia.
Aqui dentro, um quarto espaçoso, sisudo,
abro os olhos, só vejo o escuro de veludo,
visto a dor que não é sentida, é dor sem dor.
Mas penso sim, pensamentos furam barreiras;
libertam-se como os vapores da chaleira,
e voam lépidos, em todo o seu esplendor.
Afonso Martini
020611