EU E O PASSARINHO
Observo o passarinho, da janela,
que canta e voa e canta e voa e canta,
sem se saber, em vida flor singela,
mas que suspensa aos ares se agiganta.
E eu gigantesco, em minha força tanta,
prossigo a claudicar na edaz procela
que engole o vesgo rumo, o almoça e janta
na irracional razão, que me esfacela.
Ó céus, imploro, dai-me um acalanto,
secai, nos nervos meus, o denso pranto
que flui deste vazio em meu caminho!
Na pretensão de conhecer-me os elos,
liames do saber, sangrei flagelos.
Invejo-te a grandeza, passarinho!