EU E O PASSARINHO

Observo o passarinho, da janela,

que canta e voa e canta e voa e canta,

sem se saber, em vida flor singela,

mas que suspensa aos ares se agiganta.

E eu gigantesco, em minha força tanta,

prossigo a claudicar na edaz procela

que engole o vesgo rumo, o almoça e janta

na irracional razão, que me esfacela.

Ó céus, imploro, dai-me um acalanto,

secai, nos nervos meus, o denso pranto

que flui deste vazio em meu caminho!

Na pretensão de conhecer-me os elos,

liames do saber, sangrei flagelos.

Invejo-te a grandeza, passarinho!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 02/06/2011
Código do texto: T3010472
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