A BELA E O POETA

Não me atento ao encanto dos teus olhos,

A tua beleza eu vejo como o albor,

É estesia, é encanto, não é amor,

Nem quando esmago o pranto que me molha.

Não! Te vejo como o triste jardineiro

Que em meio ao jardim fica confuso:

Contempla as lindas flores no canteiro,

Mas não guarda uma só para seu uso.

Vejo-te assim, e tanto me estesia,

Que ao cabo eu me envolvo e me torturo

Num sonho de amor e de poesia,

E pranto. É que ao fitar-te eu sentia

Que a beleza é também uma mistura

De dor, de tristeza e de alegria.

Geraldo Altoé

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 25/11/2006
Reeditado em 25/11/2006
Código do texto: T300964