AGONIA
Ai, este berro seco, abafado e contrito
que eclode dentro em mim, dilacera, corrói
e afoga em lamaçal meus sentidos, detrito
do que sobrou do sonho em que eu era um herói...
Oh, morte que me sonda e que ronda este grito,
que rasga o meu pesar e que espalha e após mói,
me come o mundo escuro e mui frio, em conflito,
pedaço por pedaço, e tortura e destrói.
Arrasto o meu penar pelos pútridos charcos,
tolaz labuta vã de acender os meus marcos...
Suando em bruta vasca, eu espremo a ferida...
Jogado ao chão, meu berro é pisado, esmagado,
nos olhos da esperança, há um prego cravado!
E assim, vou mudo e cego, expelindo esta vida.