AGONIA

Ai, este berro seco, abafado e contrito

que eclode dentro em mim, dilacera, corrói

e afoga em lamaçal meus sentidos, detrito

do que sobrou do sonho em que eu era um herói...

Oh, morte que me sonda e que ronda este grito,

que rasga o meu pesar e que espalha e após mói,

me come o mundo escuro e mui frio, em conflito,

pedaço por pedaço, e tortura e destrói.

Arrasto o meu penar pelos pútridos charcos,

tolaz labuta vã de acender os meus marcos...

Suando em bruta vasca, eu espremo a ferida...

Jogado ao chão, meu berro é pisado, esmagado,

nos olhos da esperança, há um prego cravado!

E assim, vou mudo e cego, expelindo esta vida.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 02/06/2011
Código do texto: T3009020
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