A NOITE FRIA DESCE
A noite fria desce num silente obscuro,
Estronda o vazio como a concha rugindo,
As estrelas coniventes deste céu infindo
Que me oculta, sem dó, torvo futuro.
Inda flébil o coração doa-se saudoso
A esta vastidão em que um silêncio soa,
Tantos rútilos constelares zumbindo à toa,
E sinto o vento que me vem fragoso.
Espero o cantilar das noites charmeiras
Como que aguardando o afável retorno
Do farfalhar das altas tamareiras.
Mas a noite em festa pelo seu contorno
Com manto negro esparso de fimbrias rasteiras,
As longinquas estrelas, no céu um adorno.
(YEHORAM)