RESTO

Nefanda desventura desta vida,

tal faca a retalhar todo o meu ser...

Por que apanharmos tanto em bruta lida,

pra em menos de um segundo se morrer?

Minh'alma cospe sangue, combalida,

a gota de esperança a fenecer...

E toda paz, no mal, é carcomida,

requintes mui perversos do sofrer...

Preciso de um sentido pra avançar,

por essa insana saga, caminhar,

enquanto tarda ardente esse meu fim!

Voraz, me crava o dente o vil chacal,

pois só, sou resto cru, porção carnal.

Que a fera engula a dor que grita em mim!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 01/06/2011
Código do texto: T3006834
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.