VÍCIO

Resides, senhora, no meu devaneio
Infestas teu homem de ardência se trazes
Afáveis sussurros, carícias edazes
Melíferos gestos, motivos d'enleio

Perder o recato em teus braços anseio
Rompendo as amarras dos sonhos salazes
Repletos de tórridos beijos, audazes
Paixão sem medida e prazente fraseio

Deslumbras meus olhos, meiguíssima dama
Exora-me o peito, mergulho no vício
Contente, liberto recôndito anelo

Se estás longe, ausente me infliges flagelo
Não quero no adeus encontrar meu exício
Ao ver, sem consolo, um vazio nesta cama