Soneto à uma Chama
Certa vez, nasceu num homem, uma chama
Em sua testa ela ardia e crepitava
E o homem deitado em sua cama
Sem poder dormir, se revirava
Alí, como uma brasa que se inflama
Aquele fogo inconspícuo, estalava
Como uma dor, no peito de quem ama
Alí a sanidade, como um cigarro ela queimava
Certa vez, este mesmo homem, já cansado
Não dormia, não sonhava, não sorria
Optou pela clemência dum revolver prateado
Aquela criatura já anestesiada de agonia
Ergueu a fria arma ao seu crânio malfadado
E se perguntou, se a morte, melhor sorte lhe traria