NAS ÁGUAS DA BANHEIRA
Odir, de passagem

Amamo-nos quais dois desesperados,
sem atino da noite intempestiva,
prolongando do gozo a tentativa,
vivendo, passionais, nossos agrados.

Bradamos, sem sentido, os nossos brados.
Apagamos, no peito, a brasa viva
da gana animalesca e primitiva
do gozo dos instantes mais velados!

Agora, despertando no vazio
das horas de volúpia e desvario
na insânia de meu quarto, a noite inteira,

inda sinto do amor, mesmo arredio,
o perfume de fêmea após o cio,
nas águas espumosas da banheira!

JPessoa/PB
29.05.2011
oklima

oklima
Enviado por oklima em 29/05/2011
Código do texto: T3001739
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