ATO FINAL

Adeus meus sonhos! O João Gangorra,

vai-se mudando no João Casmurro.

A vida é lenta e não é nada forra,

o tempo pesa como a carga ao burro.

A água do filtro lentamente escorra,

ou retarde a fervura, eu grito, esmurro,

a paciência desmanchada em borra

- nervos à pele do João Casmurro.

Desce no circo o azar: quebra-se a antena,

arde o incêndio sem santo que socorra,

berra a platéia, pede o autor à cena.

Ato final. João. Mal não lhe ocorra,

vem de palhaço. Sangue sobre a arena!

Sangue dos sonhos do João Gangorra...

Em 5.03.92.