BEIJO DO POETA
Escuta, doce musa enamorada:
Quando um dia por mim fores beijada,
Tua boca, de mulher linda e faceira,
Há de querer meu beijo a vida inteira,
Pois que será um beijo da maneira:
Que a brisa beija a rosa na roseira,
Que o orvalho beija a fria madrugada,
Que o sol beija o raiar d!uma alvorada!
Este beijo será tão diferente
De tudo que do amor tu vês e sente,
De tudo que os poetas têm escrito!
Um beijo que tu alma não conhece,
E que em teu corpo em languida benesse
Vai explodir teu peito em surdo grito!
Mid: Beguin the beguine.
Transcrevo, aqui, a homenagem da amiga Milla ao Soneto Beijo do Poeta, com a minha gratidão e admiração.
BEIJA-ME COMO QUERES
Meu amado, eu de te quero um beijo,
Seja como e da maneira que vier,
Como um poeta que sabe o que quer;
Com sofreguidão e o mais puro desejo.
Bem depressa, sem pressa e com bocejo,
Com ternura e do jeito que souber
Desse beijo, como bem ou mal me quer,
Quando menos esperar ? assim almejo!
Quero um beijo rotineiro, diferente,
Que me faça estremecer assim na base
Que me pegue então, talvez, desprevenida.
Que me encontre na loucura inconseqüente,
Onde eu estiver que me permita ? quase
Chegar ao delírio extremo ? atrevida!
(Milla Pereira)