LENHO ARDIDO

Pra aonde foi o fogo intenso da libido,

A fúria ardil dos dezoito em esbanjamento,

Por que as pernas tremem outro sentimento,

O grito é brando, traz mais dor do que gemido?

Se a massa cinza é mais alva a cada dia

E a paixão num só olhar se faz ardente,

O corpo queima, feito brasa permanente,

Mas há uma parte que aos poucos se atrofia.

Nos meus domingos, pelos catres que eu deitei,

Das vezes tantas, sobras, por que não guardei

Afim de suprir essa privação tamanha?

Fugiu de mim o tempo prenhe de apetite;

Qual Afrodite anuirá ao meu convite

Para alastrar o fogo que inda me assanha?

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 25/05/2011
Reeditado em 08/06/2011
Código do texto: T2992357