FLECHA QUEBRADA
FLECHA QUEBRADA
Viajamos tristonhos em nau balouçante
era eu na proa e no fundo um anjo dormido.
Traz nas mãos a ponta da flecha do cupido,
puro floema, não conduz feitiço amante.
Adormeceu de tanto vexá-lo o acontecido;
nem viu que deixei o barco à deriva, errante,
mas quebrou-se a flecha do cupido farsante
e eu, sem a maresia do amor, me invalido.
Sonhar é andada. Não se põe sonho em monturo.
Barco à deriva não chega a um porto seguro;
a estrela que aponta a rota perde o fulgor.
Há de surgir um fanal luzindo ao luar
que dá à luz o verbo e conjugue o verbo amar;
traz luz ao horizonte e sugere um novo amor.
Afonso Martini
240511