SONETO DO CIÚME
Espero sua volta, ansioso,
O trânsito da noite angustia,
Ligo a televisão e nervoso,
Vejo o que passa em cada via.
Agora o celular não responde
E novamente cai na caixa postal.
Só fico imaginando por onde
Está você nesta hora, afinal...
Isto se repete em cada noite
E age como fosse um açoite
No pobre coração dilacerado...
A angústia amplia, multiplica
Enquanto a paciência estica,
Estica, num homem enciumado.
A poetisa Lirlaine Vaz, também recantista, inspirada nesta minha poesia, criou o seguinte e belíssimo soneto:
Percebo quão grande o seu ciúme
Já conversamos tanto sobre isso
Cansada chego eu do meu serviço
E sempre vem você e os seus discursos,
Martirizar-se tanto é um absurdo
Saia à noite e me busque, ou então pare!
Aonde está você que não reage?
Porque eu só falar, se não me escuta?
Isso se repete toda noite
Por que ainda vivo esse tormento,
Se confesso amor: Não mais te aguento!
E enquanto estou aqui sofrendo tanto
Há um mundo lá fora me esperando...
Melhore o seu ciúme, ou, vou-me embora!
Para que a estória tenha um final menos infeliz, preparei um novo soneto para explicar à poetisa Virlaine Vaz as razões do ciumento protagonista:
Como é difícil viver
Sempre incompreendido,
Ser ciumento é sofrer
Um sofrimento bandido.
Ao meu lado, imagino,
O que ela deve passar,
Viver neste desatino,
Ainda assim me amar!
Estou convícto, também,
Que preciso de ajuda
E que tenho de me tratar.
O ciúme é doença,
Que traz muita desavença,
Separação e mal estar.