SONETO AZUL
Fagner Roberto Sitta da Silva
"Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas."
Carlos Pena Filho (1929 - 1960)
Não poderia colorir gravatas,
mesmo que borboletas, mas pintei
de azul também as mãos e me livrei
de tantas ilusões, as mais baratas.
E fui nas ruas esquecendo as datas,
os compromissos sérios que marquei,
indo sem rumo certo... então chutei
instantes como se estes fossem latas.
Não poderia colorir nenhuma
gravata, mas se usasse ao menos uma,
soltava ela no azul de muitas fontes.
E iria, ao fim, com meus sapatos gastos
caminhando e nutrindo sonhos castos,
talvez pensando em novos horizontes...
Garça (SP), 24 de maio de 2011.
Obrigado pela interação, Odir! Um belo e perfeito soneto.
SONETO AZUL
Odir, de passagem
Soneto, que te faço em mim presente,
por que, descompassando-me nas cores,
não te gerei plangências dos pintores,
irisadas de azul, de azul somente?
Por que, soneto, não te fiz semente
das gradações azuis, desses valores
que tributo ao reduto dos alvores
festejantes do azul celipotente?
Porque, soneto, o azul não mais alcanças
em teus versos, então, haja mudanças
nos poetas do amor, moção taful
para que no presente das lembranças
os sonhos verdejantes de esperanças
tragam nuanças de esperança azul.
JPessoa/PB/26.05.211/
Odir, com aplausos ao poeta, de passagem